Miriam Wohl
Leicester, Inglaterra
seção de cartas Statnews
vol.5, nº 1, maio 1998
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Caro Editor,
Em seu editorial “o que é a Técnica Alexander” (Statnews, 14 janeiro/1998) você pergunta: Ela é educativa? Ou terapêutica?” Primeiro, tivemos Adam Nott perguntando – profissão ou vocação? E agora você, aparentemente perpetuando uma falsa controvérsia com outro “ou” igualmente desnecessário.
No caso de Nott, o ensino da Técnica (assim como a prática da medicina) é tanto uma vocação quanto uma profissão. Em seu caso, perguntar se “ela” é educativa ou terapêutica significa confundir o ensino da Técnica Alexander (educativo) com os efeitos (de se aprender e) de se por em prática a Técnica Alexander, (terapêuticos). É claro que o ensino da Técnica Alexander é educativo, são os efeitos da prática da Técnica Alexander que são terapêuticos.
Eu ouvi alguém dizer que o “número de definições da Técnica Alexander é igual ao número de professores da Técnica”. Isto se dá porque algumas pessoas descrevem as aulas, outras descrevem alguns efeitos das aulas em (alguns) alunos, e outros ainda, descrevem os efeitos de (se aprender e) se por em prática a Técnica Alexander na vida de uma pessoa, na sua dor, em seu movimento, em sua atitude mental etc. Não surpreende haver tantas “definições” – o que eu quero dizer é que elas não são definições: elas são descrições. Até mesmo a usada em nosso correto mas limitado slogan “uma forma comprovada de se trabalhar para aliviar problemas relacionados à tensão” falha em nos descrever, e certamente não é uma definição.
É confusão de pensamento. Imagine que você está definindo a Técnica quando você descreve as aulas (por exemplo: “a Técnica Alexander é aprender como aprender”) ou os efeitos que podem ser obtidos (por exemplo: “a Técnica Alexander é um método para o controle da reação humana.” FMA). Mesmo a admirável descrição de Jean Fischer “um método para desenvolver o controle consciente de si mesmo em todas as atividades da vida” é somente uma descrição dos efeitos – “um método para…” Mas o que é este método? É inibição e direção. A verdadeira técnica (habilidade) que você aprende é como inibir e direcionar. Todas as outras coisas que ensinamos não são exclusivas da Técnica Alexander, e estão presentes em várias outras disciplinas. O que é a Técnica Alexander? É uma combinação dos atos mentais (psico-físicos) de inibir e direcionar.
Para definir algo você deve exprimir o que lhe é único e particular; e a única definição que obedece tal critério é “a Técnica Alexander é inibição e direção”. Existem outros “métodos para o controle da reação humana”. Há outras técnicas para se aprender como aprender”. Existem outras técnicas que levam à “redução da tensão muscular”, a uma “movimentação mais livre e fácil” e a “estar bem equilibrado”, e assim por diante; mas nossa técnica pode ser tudo isso e mais.
Não estou certa de que inibir as reações habituais automáticas é exclusivo da Técnica Alexander; mas tenho certeza de que direcionar não é – está presente em muitas técnicas (Treinamento Autogênico e treinamento de relaxamento vêm logo à mente). É a combinação de inibir e direcionar que é específica e exclusiva da Técnica Alexander – de fato, é a Técnica.
Estando clara a definição, podemos prosseguir e definir e explicar inibição e direção; explicar nossos métodos de ensino e descrever os efeitos de aprender e aplicar a técnica para um público específico que não a conhece – algo em que já somos bons. E é somente porque a Técnica Alexander é tão abrangente em suas aplicações, e é “tudo para todos os homens” que esta aparente dificuldade e confusão linguística surgiu. Então, por favor, prestemos atenção à exatidão terminológica; os meios pelos quais nós podemos ser claros ao falar sobre nosso assunto.
Quanto ao assunto de categorizar o ensino da Técnica Alexander para profissionais da área de saúde, podemos fazer analogia com a terapia da fala, voz e da linguagem. O trabalho da Terapia da Fala é quase totalmente ensino. A aplicação das ‘habilidades ensinadas e aprendidas’ (obrigado pela expressão, Kathleen Ballard) traz o benefício terapêutico. Conheço bem a luta de uma profissão por reconhecimento acadêmico, já que minha mãe, que já faleceu, Maud Wohl, era muito envolvida em promover a profissão de Terapia da Fala ao nível de graduação universitária que ela tem hoje (A Terapia originou-se a partir de Orientação Infantil). Quando estamos lidando com pessoas da área médica, a analogia entre a Terapia da Fala e a Técnica Alexander (habilidades aprendidas aplicadas pelo sujeito para obtenção de benefícios terapêuticos) seria facilmente compreendida. Terapeutas da fala escolheram chamar-se de terapeutas, apesar de ensinarem a seus pacientes. Nós escolhemos nos chamarmos de professores, apesar de proporcionarmos benefícios terapêuticos em nossos alunos através de nosso trabalho. Eles focalizam no efeito de seu ensino ao escolher um nome para si; nós focalizamos no ensino em si ao escolhermos um nome para nós.
Atenciosamente,
Miriam Wohl[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]