Esta técnica, que recebeu o nome do Sr. F. Matthias Alexander, já falecido, tem sido ensinada, sem interrupção, nos últimos 100 anos. Seu alcance e objetivo estão além do “alívio da tensão” e da “re-educação do movimento muscular”, pois busca modificar e aprimorar a maneira de executar tudo que fazemos. É uma técnica prática, baseada na experiência e observação individuais, desenvolvida a partir da observação do fato e não de especulação teórica.

 

Pessoas de todas as idades aprendem a aplicar esta técnica num grande número de atividades, por isso ela está sempre sujeita a um processo contínuo de testes e provas e os resultados são evidentes. Ela se desenvolve e evolui com aprendizado e ensino e embora tenha recebido validação científica, vem obtendo um progresso independente. O relato completo está nos livros do Sr. Alexander, em especial no “The Use of the Self”.

 

Nascido em Wynyard, Tasmânia, em 1869, o Sr. Alexander começou a aceitar alunos em 1894. Desde o início alguns médicos reconheceram o valor de seu trabalho, oferecendo estímulo e apoio. Depois de ensinar durante dez anos na Austrália e na Nova Zelândia ele foi para Londres em 1904, com cartas de recomendação e apresentação para os maiores clínicos e cirurgiões da época. Seu primeiro livro, “Man’s Supreme Inheritance” foi publicado em 1910, com o trabalho completo. Segundo ele, tudo que está no livro é resultado da sua experiência.

 

O trabalho progrediu, cada vez mais reconhecido e aceito, até o início da Primeira Grande Guerra em 1914, quando visitou a América pela primeira vez. Nos dez anos seguintes dividiu seu tempo entre Londres e Nova York, com a ajuda do irmão, Sr. A. R. Alexander, que o acompanhara desde a Austrália ensinando a técnica.

 

Seu segundo livro, “Constructive Conscious Control of the Individual”, publicado em 1924, tinha introdução do professor John Dewey, filósofo e educador americano. Também em 1924 foi inaugurada por sua assistente, a Srta. I. G. Tasker, uma pequena escola para crianças que mais tarde tomou-se a F. Matthias Alexander Trust Fund School em Bexley, no condado de Kent, Inglaterra.

 

Até 1930 só haviam quatro professores dessa técnica, incluindo seu irmão, Sr. A. R. Alexander (que morreu em 1946), mas naquele ano, com o apoio valioso do Profes­sor J. Dewey, do Conde de Lytton (Vice-rei da India), a Srta. E. E. Lawrence (diretora do Instituto Froebel), vários médicos e educadores, ele resolveu iniciar um Curso de Treinamento para Professores.

 

Desde então seu trabalho cresceu rapidamente. O livro “The Use of the Self”, com seu relato sobre a evolução da Técnica foi publicado em 1932. A Srta. Tasker obteve muito sucesso ensinando em Johannesburg, África do Sul, em 1935 e nessa época o Sr. A. R. Alexander voltou para os Estados Unidos e retomou o trabalho em Nova York e Boston, onde mais tarde outro Curso de Treinamento foi inaugurado. Enquanto isso, em Londres, muitas pessoas famosas como George Bemard Shaw, Aldous Huxley, o Professor John Hilton e Sir Stafford Cripps transformavam-se em ilustres entusiastas e divulgadores da Técnica.

 

Quando estourou a II Guerra Mundial o Sr. Alexander levou as crianças e o pessoal da Trust Fund School para a América e em 1942 publicou seu último livro, “The Universal Constant in Living”, com introdução do Profes­sor G. E. Coghill, biólogo americano. Sir Charles Sherrington referiu-se a isso, dizendo que reconhecia o valor do ensinamento e das observações de Alexander. De volta à Inglaterra em 1943, continuou a ensinar, treinar estudantes, supervisionar o trabalho de seus assistentes e a desenvolver a Técnica, até sua morte, aos 87 anos, em 1955.

 

O Serviço de Saúde Pública dos Estado Unidos vem patrocinando um programa de pesquisa elaborado por um de seus antigos alunos, o Dr. Frank Pierce Jones, que visa incorporar a técnica empírica ao corpo do conhecimento anatômico e fisiológico.
Esta investigação experimental, inicialmente sugerida pelo Professor John Dewey, está sendo feita no Instituto de Pesquisa Psicológica da Tufts University, onde o Dr. Jones é membro da associação de pesquisa, tendo sido qualificado como professor da Técnica Alexander em 1945. Os resultados mais recentes são publicados nas “The Journal of Psychology”, “Ergonomics”, etc.

 

O Dr. Jones escreveu: “Na minha opinião, a parte mais importante da descoberta de Alexander foi que ele não precisava recorrer a instruções verbais para transmitir a Técnica. Ao ensinar ele descobriu que podia proporcionar ao aluno o mesmo tipo de experiência cinestésica que teve se fizesse algumas modificações preliminares no equilíbrio tensional da cabeça do aluno e depois iniciasse um movimento ou convencesse o aluno a se mover sem afetar a nova relação da cabeça com o corpo.

 

Utilizando essa descoberta de Alexander no ensino é possível tratar com eficiência muitos problemas causados pela tensão que normalmente desafiam as abordagens comuns. Nas dificuldades respiratórias, por exemplo, não é necessário chamar a atenção para a respiração propriamente dita, uma vez que ao redistribuir a tensão e ao modificar a postura do modo que acabei de descrever, provocamos também uma mudança no padrão da respiração. A dificuldade específica de respirar só é considerada depois que o aluno passou pela experiência de respirar de uma forma nova e depois que ele entender na prática como o mecanismo funciona. Outros problemas de coordenação – de fala, por exemplo, ou problemas ao caminhar – podem ser tratados da mesma forma.”

 

Os professores treinados por Alexander dão continuidade ao seu trabalho, individualmente ou em grupos, em vários lugares do mundo. O programa de formação para professores consiste em 1600 horas de treinamento ao longo de 3 anos. Existe um interesse especial pelo trabalho com crianças e na aplicação prática da Técnica na educação. Professores visitam algumas escolas e dão aulas particulares para crianças.

 

Outras informações podem ser obtidas na secretaria da Associação Brasileira da Técnica Alexander, que terá muito prazer em marcar entrevistas e apresentações.

 

Livros sobre a Técnica publicados em português:
– O uso de Si Mesmo – F. Matthias Alexander – Ed. Martins Fontes
A Ressureição do Corpo – F. Malthias Alexander – Ed. Martins Fontes
O Aprendizado do Corpo – Michael Gelb, Ed. Martins Fontes

As opiniões de cada autor expressa nos artigos não refletem necessariamente o pensamento da ABTA e seus membros.